"Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os injustos e não perante os santos?" (1 Coríntios 6.1)
A palavra "aventura-se" poderia ter sido traduzida por "atrevimento". Alguém na Igreja de Corinto se atreveu a levar um irmão diante de um juiz não crente e Paulo quer mostrar o caráter inadequado dessa atitude. Em 1 Coríntios 6 Paulo apresenta os fundamentos teológicos pelos quais os crentes não devem julgar suas questões perante os ímpios: o motivo não é exclusivismo, mas o fato de que os cristãos constituem um povo escatológico que estará envolvido nos juízos finais de Deus sobre o mundo. "Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações" (Apocalipse 2.26).
Além do mundo, Paulo ensina que os crentes julgarão os próprios anjos. Temos nesse texto uma indicação de que os crentes, longe de se tornarem anjos, serão superiores a eles pois partilharão com Cristo do governo de um mundo renovado. É importante considerarmos o ensinamento bíblico acerca dos seres humanos e dos anjos. Na perspectiva bíblica, seres humanos são superiores aos anjos pelas seguintes razões: a) O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus como se lê em Gênesis 1.27: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou"; b) os que crêem em Cristo são redimidos; c) anjos são "espíritos ministradores" (Hebreus 1.14), ou seja, Deus usa os anjos para nos servir.
Como você pode notar, Paulo empregou o recurso literário de ir do maior para o menor: se os crentes julgarão o mundo e até mesmo os anjos no dia do juízo, devem ser capazes de cuidar das pequenas questões que surgem entre eles. É como se Paulo estivesse dando o seguinte conselho: resolvam os seus problemas!
Rev. Thales Renan A. Martins